sábado, 18 de setembro de 2010

Gôndolas e Araras

Sair a procura de novas miniaturas, e em especial de miniaturas específicas que se tem em mente é um dos grandes prazeres de todo colecionador que se preze.




Não sou adepto das compras pela internet, mas não é apenas pelos motivos que já expliquei anteriormente (diga não ao tráfico de T-hunts) mas também porque acho particularmente sem graça. Um par de cliques no mouse, um número de cartão de crédito, e a miniatura vai direto do embrulho dos correios para a prateleira. É como um casamento sem noivado e sem namoro.

Gosto de entrar na loja, driblar os vendedores prestativos, os chatos, os simpáticos, todos. Gosto de fazer bagunça, de demorar analisando todo o cardápio, enquanto escolho lentamente qual será o prato do dia. Ao encontrar uma miniatura de interesse, uma rápida sabatina para checar se a pintura está em ordem, se não foi arranhada ou amassada no transporte, se os rebites estão alinhados e se a embalagem está do agrado.



Curto as chamadas Araras, os displays verticais com uma infinidade de miniaturas penduradas lado a lado. Normalmente com quatro lados, a cada busca sempre a curiosidade do que existirá no lado seguinte.



Mas o banquete mesmo vem com as gôndolas. De preferência as grandes. Centenas de miniaturas amontoadas, misturadas em diferentes lotes, diferentes padrões, sem o mínimo de ordem. O Caos completo. E onde existe caos, ninguém pode me culpar por fazer bagunça. O legal é se debruçar sobre a gôndola, quase caindo dentro dela. É como deve se sentir o Tio Patinhas nadando no dinheiro em sua caixa-forte.

Existem várias técnicas para se explorar uma boa gôndola. A mais rudimentar é espalhar miniaturas pelo chão mesmo, em meio a olhares tortos de vendedores aborrecidos e clientes horrorizados. Confesso não ser muito fã desta prática, que apesar de bastante gratificante e eficiente, denigre um pouco a imagem do colecionador. Pode-se também afastar as miniaturas dentro da própria gôndola, jogando todas para a direita enquanto se revira a ala esquerda e o inverso enquanto se revira a ala direita. Faz menos bagunça, mas é mais cansativo e demorado. Além disso, se a execução for muito afoita, acaba danificando-se as embalagens, o que acho particularmente um crime.



A melhor técnica que já utilizei não é de minha própria autoria, mas repassada por um colega colecionador. Munido de uma ou mais cestas de compras, se a loja em questão as disponibilizar, transferir as miniaturas da gôndola para as cestas, até que a gôndola esteja vazia o suficiente para uma inspeção mais aprimorada.

Os vendedores não curtem muito, mas não sabem os benefícios que um colecionador decidido traz à sua loja. Já perdi a conta de quantas vendas involuntariamente alavanquei. Quantas mães e pais distraídos, tiveram sua atenção atraída para uma gôndola de miniaturas por algum "maluco" debruçado lá dentro. Quantos consumidores impulsivos não encheram suas cestas julgando ser um bom negócio, motivados pela empolgação do colecionador em sua busca.

O importante é não se intimidar. Nada pior do que sair da loja com a sensação de que aquele desejado T-hunt estava justamente naquele canto da gôndola que não deu tempo de revistar... O negócio é não ter pressa nem muitos pudores. Pra conseguir aquela miniatura desejada, vale tudo.